4 de dez. de 2009

Salada

Descobri que não consigo gostar de nenhum galheteiro. Sim, aquele trequinho para servir azeite, vinagre, sal, pimenta. Sei lá, pra mim nenhum modelo é bom e bonito o suficiente para carregar preciosidades como um puro azeite de oliva extravirgem de baixíssima acidez, nem um vinagre balsâmico mediterrâneo, ou um sal light. Gente, salada merece dignidade.

Pra falar a verdade nunca tinha prestado muita atenção neste conjunto de utensílios. Sempre foi meio no improviso, num potinho coloridinho de um e noventa e nove. Solteiro, sabe como é. Mas agora, que eu tenho um lar a zelar, uma cozinha a decorar, uma esposa mineira a culinariamente honrar, simplesmente não posso aceitar qualquer galheteiro. Dijeinenhum.

Daí você deve estar pensando que a minha digníssima mulher tá orgulhosa com o grau da minha exigência, com o rigor da minha escolha. Pffffffff. Que nada. Ela já tá é de boca torta com essa história. Sem exagero: ela deve ter me mostrado pelo menos uns trinta modelos, numas quarenta lojas diferentes. Até em outro Estado já fomos atrás da solução para este desafio que põe em risco a integridade dos meus dentes da frente.

Mas você há de concordar comigo. O povo que fabrica galheteiro tem gosto duvidoso. E ainda tem o nome. Ga-lhe-tei-ro. Sei que isso vem do tempo do juda (as galhetas acomodam a água ou o vinho para as missas; o que acomoda as galhetas chama-se galheteiro). Deve ser por isso que acho galheteiro uma blasfêmia, uma ofensa à sagrada cozinha, à santa ceia nossa de cada dia enfeiada pelos potinhos cafonas, amém.

Tenha mais uma pitada de paciência, meu bem. Vou encontrar um treco tão bacana que nunca ninguém terá coragem de se referir a ele como galheteiro. Será honrosamente passa o azeite, me dá o sal, isso é vinagre?





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