25 de ago. de 2009

180

Hoje faz exatamente seis meses que ganhei a felicidade de presente. Ela se apresentou em forma de sorrisos, gestos, alegria, palavras e olhares despretensiosos. Nunca vou esquecer do pedaço de flor tatuada aparecendo naquele ombro perfumado logo ao lado do meu (e, assim, entre parênteses para ninguém saber, digo que precisei controlar a vontade de cheirar aquela flor de perto e dar um beijo suave naquela pele que eu percebia, era macia; resisti e beijei apenas com o meu olhar).

Naquela noite eu não imaginava que a minha felicidade também estaria lá. Foi uma casualidade. De verdade, nenhum de nós esperava encontrar o outro, ainda que tivéssemos passado boa parte das nossas vidas nos procurando. Acredite, o tão sonhado grande encontro tem uma simplicidade incompreensível só para contrapor com a complexidade do estar pronto para ele. E graças à vida nós estávamos prontos um para o outro. Tanto que nos saímos muito bem ali e depois. Tudo passou a acontecer como tinha de ser: natural, intenso, rápido - a felicidade tem pressa e eu não tenho tempo a perder, ela foi logo me ensinando.

Até que fazia apenas alguns minutos que o dia 25 de março havia chegado e, com ele, ela. E, novamente sem imaginar, sem saber, eu estava ganhando o presente da minha vida. Sem que eu precisasse pedir, ela me deu o sorriso que faltava nos meus olhos. A partir daquela noite resolvemos não temer. Não conter. Não sufocar. Chega de querer parecer um sendo dois. Chega de te gosto no lugar de te amo, decidimos em consenso no nosso sentimento. Estávamos juntos como nunca havíamos estado antes com outra pessoa. Não sem medo. Não sem dor. Porque numa flor há cor, há cheiro, mas há também espinho e dor - mas até um espinho pode ser inofensivo se tratado com delicadeza, esse é o segredo.

Há exatos 180 dias minha vida mudou 180 graus. Porque ela abriu os meus olhos para a vida. E a vida se abriu diante dos meus olhos como o desabrochar de uma flor.





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